Saiba como essa condição pode impactar a fertilidade e como tratar
Tida como uma condição pouco frequente, a gravidez ectópica acomete cerca de 3% a 5% das gestações no País e, se não diagnosticada a tempo, pode resultar em grande risco à gestante.
Gravidez ectópica é a gestação ocorrida fora do útero, sendo que a localização mais comum para tal situação são as tubas uterinas.
Por ser uma região incapaz de suportar o crescimento do saco gestacional e prover os nutrientes necessários ao feto, essa gestação não se desenvolve de forma correta, sendo necessária sua interrupção, minimizando assim riscos à vida da mulher.
A condição não pode ser prevenida, mas quando identificada rapidamente, ajuda na preservação da fertilidade da mulher, assim como em menor sofrimento psicológico.
Saiba mais sobre a gravidez ectópica na leitura desse texto.
O que leva à gravidez ectópica?
Um dos grandes questionamentos das mulheres que apresentaram um quadro de gravidez ectópica é: o que motivou tal acontecimento? É necessário esclarecer que inúmeras situações podem resultar na gravidez fora do útero, sendo que em mais de 99% delas era impossível ter qualquer tipo de cuidado preventivo.
Condições adversas como inflamações ou infecções pélvicas, tabagismo, uso de pílula do dia seguinte, dentre outras, podem colaborar para que ocorra uma gravidez ectópica, sendo que a forma de minimizar a possibilidade do desenvolvimento de uma gestação fora do útero é a consulta anual com o ginecologista.
Nessa consulta, o médico ginecologista fará uma avaliação clínica criteriosa para identificar possíveis patologias e, quando identificadas, proverá o protocolo de tratamento que preservará a saúde do órgão reprodutor feminino.
Por mais que a gravidez ectópica possa ser considerada como um episódio isolado, algumas doenças podem colaborar para que a situação ocorra em uma paciente, em especial àquelas que não pretendiam ter filhos naquele momento. As doenças e condições que colaboram na ocorrência da gravidez ectópica são:
- Inflamação pélvica;
- Endometriose;
- Malformação das tubas uterinas;
- Sequelas de clamídia;
- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) não tratadas de forma adequada;
- Uso de DIU;
- Laqueadura;
- Cesariana em gestação anterior;
- Intervenção cirúrgica na região pélvica;
- Tratamento de reprodução humana assistida.
Essas são algumas situações que podem predispor a uma gravidez ectópica.
Tipos de gravidez ectópica
A gravidez ectópica pode ser dividida em vários tipos:
- Tubária: é aquela em que o embrião se desenvolve nas tubas uterinas. É o tipo de gravidez ectópica mais comum, representando cerca de 95% dos casos;
- Cervical: é a gravidez que ocorre no colo do útero, porém fora da cavidade endometrial;
- Abdominal: neste tipo de gravidez ectópica, o embrião pode se desenvolver na cavidade abdominal. Esse tipo é mais raro, com menos de 1% de incidência dos casos;
- Ovariana: acontece quando o embrião se aloja nos ovários. Também é menos prevalente, com cerca de 3% a 4% de incidência;
- Cicatriz de cesárea: há possibilidade de acontecer com mulheres que tiveram parto cesárea anteriormente.
Como é o diagnóstico e quais os sintomas da gravidez nas trompas?
A mulher terá os sintomas comuns de uma gestação. Logo, podem ocorrer atraso do ciclo menstrual e as mamas podem apresentar inchaço e incômodo. Enjoos e tonturas também podem ser considerados sintomas comuns de uma gravidez ectópica.
Caso a mulher apresente qualquer um desses sintomas, pode recorrer ao teste de farmácia e constatar a gestação.
Para identificar se o embrião se alojou no local correto, ou seja, no útero, é necessário que a mulher faça uma ultrassonografia. Só o exame de imagem pode certificar se a gravidez é ectópica ou não.
Além dos sintomas comuns da gestação, existe uma parcela da população que pouco perceberá que está grávida, sendo que a gravidez ectópica só é diagnosticada quando essa paciente apresenta sintomas mais complexos e graves, sendo eles:
- Sangramento vaginal anormal;
- Dor abdominal;
- Inchaço incomum na região abdominal;
- Fraqueza;
- Enjoos e vômito;
- Desmaios;
- Choque hipovolêmico;
- Hemorragia.
Esses casos são tidos como graves, sendo que na maioria das vezes é necessária intervenção cirúrgica, pois a gravidez ectópica resultou no rompimento da tuba uterina, causando hemorragia e aumentando o risco de graves consequências à saúde da mulher.
Tratamento da gravidez ectópica
A atenção à saúde da mulher é importante para que a gravidez ectópica seja diagnosticada de forma rápida. Quanto mais precoce o diagnóstico, menores são as chances de intervenção cirúrgica.
Até a 8ª semana de uma gravidez ectópica as chances de rompimento da tuba em que o saco gestacional se implantou são menores.
Em uma gestação ectópica mais avançada, ou seja, superior à 8ª semana, o tratamento, em geral, pode ser cirúrgico, sendo que em condições normais (a mulher não apresentando hemorragia devido ao rompimento da tuba) a cirurgia é feita por via laparoscópica.
Como mencionado, uma gravidez ectópica não tem chances de evoluir, além de poder acarretar grandes riscos à mulher. Todo o tratamento é feito com o propósito de preservar a fertilidade da mulher, sendo que só em casos mais graves a indicação é a retirada da tuba em que ocorreu a gestação.
Existem situações em que o próprio organismo se encarrega de expelir o feto que se alojou em local impróprio, levando ao abortamento espontâneo. Nesses casos, é necessário o acompanhamento médico para que ele possa certificar que a mulher não corre nenhum risco de vida.
Recorrência da gravidez ectópica
Por se tratar de uma condição que ocorre sem a presença de doenças preexistentes, pode ocorrer a recorrência da gravidez ectópica. Caso a mulher tenha histórico, é importante ser assistida por um ginecologista de confiança, em especial, quando tiver a intenção de engravidar.
Recuperação após a gravidez ectópica
O tempo de recuperação após o tratamento de uma gravidez ectópica dependerá do quadro da paciente. Quando o tratamento for medicamentoso, a mulher pode retomar as atividades rotineiras em poucos dias.
Quando é necessária intervenção cirúrgica, em especial a emergencial, o tempo de recuperação e afastamento pode ser superior a 15 dias. Repouso e medicamentos adicionais podem ser prescritos, ressaltando que tal indicação é avaliada de forma individual.
É importante salientar que, nessa hora, mais do que cuidar da saúde do corpo, a mulher precisar centrar-se também na sua saúde mental. O aconselhamento psicológico para evitar um trauma após a gravidez ectópica é válido e deve ser oferecido.
Fertilidade após a gravidez ectópica
Por mais que a condição tenha resultado na perda de uma das tubas uterinas, é importante evidenciar que a mulher mantém as chances de engravidar futuramente. Muitas, inclusive, engravidam de forma espontânea.
Em caso de alguma dificuldade de engravidar após a gravidez ectópica, a mulher ou o casal pode ser assistido por um médico especializado em reprodução humana.
Fontes: