A criptorquidia é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal, podendo causar infertilidade, torções e câncer testicular
A criptorquidia é uma condição médica que afeta uma parte significativa dos meninos ao nascer, sendo caracterizada pela ausência de um ou ambos os testículos no escroto. Embora a criptorquidia seja frequentemente diagnosticada logo após o nascimento, muitos pacientes não recebem o tratamento adequado, o que pode resultar em complicações na fase adulta, como distúrbios hormonais, infertilidade e até um aumento significativo do risco de câncer testicular.
O que causa a criptorquidia?
Normalmente, os testículos se desenvolvem dentro do abdômen durante a gestação e descem para o escroto antes do nascimento. Quando isso não ocorre, o testículo pode permanecer retido na cavidade abdominal ou na região inguinal, caracterizando a criptorquidia. Embora a causa exata ainda não seja completamente compreendida, existem fatores associados ao desenvolvimento dessa condição, que incluem:
- Prematuridade: bebês nascidos antes de 37 semanas de gestação têm maior risco;
- Baixo peso ao nascer: meninos com peso inferior a 2.500 gramas apresentam maior incidência;
- Predisposição genética: histórico familiar de criptorquidia pode aumentar a probabilidade de ocorrência;
- Exposição a substâncias tóxicas durante a gestação: fatores ambientais e químicos, como o uso de certos medicamentos ou substâncias, podem interferir no desenvolvimento fetal;
- Idade materna avançada: geralmente quando a mulher possui idade superior a 35 anos.
Tipos de criptorquidia
A criptorquidia pode ser classificada em dois tipos: unilateral e bilateral. A criptorquidia unilateral ocorre quando apenas um testículo não desce para a bolsa escrotal. Este é o tipo mais comum, representando de 75% a 90% dos casos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria. Em alguns casos, o testículo não descido pode descer espontaneamente nos primeiros meses de vida.
Já a criptorquidia bilateral, mais rara, envolve a ausência de ambos os testículos no escroto, ocorrendo em apenas 10% a 25% dos casos. A forma bilateral é considerada mais grave, pois, se não tratada adequadamente, pode levar à infertilidade masculina, além de aumentar o risco de problemas hormonais e até de câncer testicular.
Sintomas da criptorquidia
O principal sinal da criptorquidia é a ausência de um ou ambos os testículos no saco escrotal, o que pode ser facilmente observado durante a avaliação da área genital do recém-nascido. Embora a condição geralmente não cause sintomas adicionais, em casos raros, pode ocorrer dor, caso haja inflamação associada ao testículo não descido. Além disso, a diferença no tamanho dos testículos também pode ser um indicativo da condição.
Diagnóstico da criptorquidia
O diagnóstico da criptorquidia é geralmente feito por meio de um exame físico, quando o médico examina a bolsa escrotal para verificar a presença ou ausência de um ou ambos os testículos. Esse exame é parte da rotina de avaliação de todos os recém-nascidos do sexo masculino e pode também ajudar a identificar outras condições, como hérnias, tumores ou outras anormalidades.
Após confirmar a ausência do testículo, o médico realiza um toque suave entre o abdômen e a bolsa escrotal para tentar localizar o testículo não descendido. Na maioria dos casos, o testículo pode ser identificado durante esse exame físico. Porém, em algumas situações, pode ser necessário realizar exames complementares, como ultrassonografia ou tomografia, ou até recorrer a cirurgia, para determinar com precisão a localização do testículo.
Possíveis tratamentos para a criptorquidia
Cerca de 75% dos casos apresentam resolução espontânea até os três meses de idade, com os testículos podendo descer até o primeiro ano de vida. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os casos de criptorquidia não resolvidos até os seis meses de idade sejam tratados cirurgicamente, sem aguardar até o primeiro ano.
A orquidopexia é a cirurgia de resolução da criptorquidia. O procedimento de baixa complexidade envolve uma pequena incisão na região inguinal e é realizado com o paciente sob anestesia. Embora o tratamento hormonal tenha sido utilizado no passado, ele tem sido cada vez menos recomendado, com a preferência atual sendo pela cirurgia, especialmente a videolaparoscopia.
Quais complicações podem ser causadas?
A criptorquidia pode levar a uma série de complicações sérias, especialmente se não for tratada de forma adequada e no tempo certo. Entre as principais complicações, destacam-se:
- Câncer testicular, especialmente nos casos de criptorquidia bilateral;
- Distúrbios hormonais, ocasionando atraso no desenvolvimento sexual e a falta de características masculinas secundárias, como aumento de massa muscular, pelos faciais e voz grave;
- Torção testicular, que interrompe o fluxo sanguíneo e causa dor intensa, podendo levar à perda do testículo se não tratado rapidamente;
- Hérnias inguinais, condição em que uma parte do intestino extravasa pela parede abdominal em direção à virilha;
- Infertilidade.
Entenda a relação entre a infertilidade e a criptoquirdia!
Qual a relação entre criptorquidia e infertilidade?
A relação entre a criptorquidia e a infertilidade está diretamente ligada à alteração na temperatura testicular. Para que a produção de espermatozoides seja adequada, os testículos precisam estar a uma temperatura ligeiramente inferior à do restante do corpo, aproximadamente 1,5°C a 2°C abaixo. Quando os testículos não descem para o saco escrotal, essa temperatura ideal não é alcançada.
Como resultado, ocorrem problemas na produção e maturação dos espermatozoides, e os homens com criptorquidia podem ter dificuldade em produzir espermatozoides em quantidade e qualidade suficientes para a fertilização. Em casos mais graves, a quantidade de espermatozoides no sêmen pode ser tão baixa que se torna indetectável, o que leva à azoospermia e, consequentemente, à infertilidade completa.
Perguntas frequentes
A criptorquidia é uma condição que costuma gerar muitas dúvidas entre pais e pacientes. Para esclarecer as principais questões relacionadas a essa condição, apresentamos algumas das perguntas mais comuns, seguidas das respostas adequadas:
A criptorquidia pode causar câncer?
A criptorquidia pode aumentar o risco de câncer testicular, especialmente em casos de criptorquidia bilateral, quando ambos os testículos não descem ou quando a correção ocorre tardiamente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, aproximadamente 10% dos casos de câncer testicular estão relacionados à criptorquidia e o risco de desenvolvimento da doença em pacientes com essa condição é de 5 a 20 vezes maior do que na população geral.
A criptorquidia é mais comum em bebês prematuros?
Sim, a criptorquidia é mais comum em bebês prematuros. Aproximadamente 30% a 40% dos meninos prematuros apresentam essa condição, em comparação com menos de 4% dos recém-nascidos a termo. Isso ocorre porque o processo de descida dos testículos para a bolsa escrotal pode ser interrompido ou não completo em bebês prematuros, já que esse processo geralmente ocorre nas últimas semanas de gestação.
A partir de quantos anos a criança pode ser operada?
A cirurgia para corrigir a criptorquidia geralmente é recomendada entre os 6 e 12 meses de idade. Se o testículo não descer espontaneamente até os 6 meses, uma intervenção cirúrgica pode ser necessária para posicioná-lo adequadamente na bolsa escrotal. O tratamento precoce é importante para reduzir os riscos de complicações, como infertilidade e câncer testicular.
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Como a reprodução assistida pode ajudar?
A reprodução assistida é uma solução para casais que enfrentam dificuldades de fertilidade devido à criptorquidia. O primeiro passo para avaliar a fertilidade do homem é realizar exames, como o espermograma, que avaliam a produção de espermatozoides. Em casos mais graves, como a azoospermia, que consiste na ausência completa de espermatozoides no sêmen, ainda é possível realizar uma biópsia testicular, buscando espermatozoides nos testículos.
Os espermatozoides encontrados podem ser utilizados na fertilização in vitro (FIV), por meio da técnica de injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), em que um único espermatozoide é injetado em cada óvulo para fertilização. Nos casos em que não for possível encontrar espermatozoides na biópsia testicular, a inseminação artificial com sêmen doado é uma alternativa.
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Fontes