Estima-se que cerca de 20% das mulheres tenham a doença. É importante o aconselhamento junto ao ginecologista
O que é adenomiose?
A adenomiose é uma doença que se caracteriza pela invasão do endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) na musculatura do útero (miométrio).
Embora seja uma doença benigna e, na maioria das vezes, assintomática (em cerca de 35% dos casos), a adenomiose pode causar cólicas menstruais intensas, aumento do volume do útero, sangramentos menstruais irregulares, e algumas vezes abundantes, dor durante as relações sexuais, além de desconforto e inchaço abdominal.
A adenomiose é mais comum em mulheres com idade entre 40 e 50 anos e está associada a cirurgias uterinas anteriores, como a retirada de miomas, cesárea, a fatores hormonais que aumentam os níveis de estrogênio, genéticos e imunológicos. Os principais exames para o diagnóstico da adenomiose são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética.
Adenomiose X endometriose
Embora ambas as doenças sejam mais frequentes na idade reprodutiva e estejam relacionadas ao tecido endometrial e à infertilidade feminina — a infertilidade pode afetar 50% das pacientes com endometriose e até 20% das mulheres com adenomiose —, são patologias com características diferentes. O que difere uma e outra é o local no qual o tecido endometrial se concentra.
- Endometriose: o tecido endometrial está presente em outros locais que não o útero, como nos ovários, na vagina, nas trompas, no peritônio, no intestino, na bexiga e na região atrás do colo uterino;
- Adenomiose: o tecido endometrial concentra-se na parede uterina (miométrio), desenvolvendo ainda glândulas do endométrio nesse local.
Porém, ambas tendem a desaparecer naturalmente depois da menopausa.
A relação entre adenomiose e infertilidade
A adenomiose é uma doença com impacto negativo na fertilidade. Vários estudos já comprovaram sua associação com a infertilidade. Dados estimam que cerca de 1 a 14% das pacientes com adenomiose são inférteis. Alterações funcionais e estruturais decorrentes da doença podem estar relacionadas com a falha na implantação embrionária e consequente infertilidade.
A doença também prejudica os resultados das técnicas de reprodução assistida e o prognóstico da gravidez. Mulheres com adenomiose apresentam mais chances de falhas de implantação, abortamentos, partos prematuros e ruptura prematura da bolsa amniótica.
Tratamentos para Adenomiose
Atualmente, existem opções de tratamento clínico (hormonal ou não hormonal), clínico-cirúrgico e cirúrgico para a adenomiose. A escolha depende dos sintomas e do desejo da mulher em engravidar ou não.
Tratamento clínico
Inclui o uso de anti-inflamatórios para controle da dor e da inflamação, e de anticoncepcionais para controlar a liberação de hormônios durante o ciclo menstrual. O uso contínuo de anticoncepcionais de forma a suspender a menstruação ou de DIU podem trazer bons resultados em algumas pacientes. O objetivo das terapias hormonais é diminuir a produção do estrogênio ou bloquear seus efeitos no organismo;
Tratamento cirúrgico
É indicado para os casos em que o tratamento clínico não apresentou resultados e quando a mulher não deseja engravidar. Há casos em que pode ser necessária a retirada do útero e há situações em que ele pode ser preservado (quando a adenomiose for localizada). Nesse caso, o tratamento pode ser feito por meio da embolização das artérias uterinas e da ablação endometrial com o uso de ultrassom.
Quando a mulher deseja engravidar, o tratamento clínico, por períodos de três a seis meses, é o mais indicado. O objetivo é levar a uma remissão temporária da doença, aumentando assim as chances de gestação espontânea após a suspensão do tratamento ou melhorando as condições para implantação do embrião após reprodução assistida — pacientes com adenomiose têm chances de gestação 28% menores após Fertilização in Vitro do que pacientes sem adenomiose.
A indicação pelo tratamento mais adequado para a adenomiose deve ser feita por um médico especialista. É ele quem está capacitado a avaliar a saúde geral da paciente, quais as possíveis causas da doença e definir qual a melhor terapia.
Fontes:
Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO)
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)