Uma alternativa para casais que estejam iniciando um tratamento de reprodução humana e a mulher apresenta baixa reserva ovariana é a possibilidade de realizar um banco de óvulos por meio do congelamento dos óvulos obtidos em diferentes ciclos de estímulo ovariano, o que aumentam as chances de sucesso do tratamento. Entenda melhor a relação entre essas duas situações.
A baixa reserva ovariana
Diferentemente da produção de gametas masculinos (espermatozoides), que o homem mantém constante, as mulheres já nascem com uma quantidade de gametas (óvulos), conhecida como reserva ovariana. Essa quantidade é reduzida ao longo da vida da mulher, se acentuando após os 35 anos, até praticamente zerar, quando ela entra na menopausa. A diminuição do número de óvulos nos ovários é um dos fatores que justiça a redução das chances de gravidez. Outra questão importante é a qualidade dos óvulos, que também é reduzida com o avanço da idade feminina.
Ao iniciar um tratamento de reprodução humana, é possível avaliar a reserva ovariana por meio da contagem de folículos antrais e a dosagem do hormônio anti-Mülleriano (HAM). Entenda melhor como cada um funciona:
- Contagem de folículos antrais: exame que permite visibilizar e contar os folículos com diâmetro entre 2 e 10 mm, por meio de ultrassonografia transvaginal. Os casos em que as contagens são abaixo de oito folículos, as pacientes são caracterizadas com baixa resposta ovariana;
- Dosagem do hormônio anti-Mülleriano (HAM): exame de dosagem hormonal, realizado por meio da coleta sangue em qualquer dia do ciclo menstrual, que permite estimar o número de folículos presentes nos ovários, pois quanto maior a dosagem de HAM, mais folículos estão presentes nos ovários.
Além disso, tanto a contagem de folículos antrais quanto a dosagem do HAM auxiliam na decisão pelo melhor tratamento de reprodução humana para o casal, tais como o banco de óvulos para mulheres diagnosticadas com baixa reserva e que realizarão tratamento de Fertilização in Vitro.
Como o congelamento de óvulos auxilia casos de baixa reserva ovariana?
O tratamento de Fertilização In Vitro oferece as melhores chances de sucesso quando a mulher consegue coletar 8 a 14 óvulos maduros após a realização do estímulo ovariano. Isso pode ser conseguido em apenas um ciclo de tratamento para as mulheres que apresentam reserva ovariana normal ou aumentada. Nos casos de mulheres em que os testes de reserva ovariana demonstrem baixa reserva ovariana, possivelmente o número de óvulos obtidos após o ciclo de tratamento será inferior a 8 óvulos. Os especialistas em reprodução humana conseguem orientar quantos óvulos a paciente terá após a realização do estímulo ovariano analisando os testes de reserva ovariana.
Nessa situação podemos realizar um ciclo de estímulo ovariano, seguido de congelamento dos óvulos obtidos para constituir uma reserva. Após a menstruação, logo no ciclo menstrual seguinte, podemos realizar novo estímulo ovariano, com nova coleta de óvulos e somar esses óvulos com os outros que já estavam congelados. Com essa estratégia, o casal estará trabalhando com boas chances, pois conseguirão atingir um número de óvulos adequado para o tratamento. Além disso, essa estratégia oferece a possibilidade de reduzir os custos operacionais do tratamento por juntar os óvulos antes de realizar a injeção dos espermatozoides (ICSI) e a transferência dos embriões. São mais óvulos obtidos por um custo operacional menor.
Outro aspecto importante a ser considerado é a questão psicológica. O fato da mulher possuir um número menor de óvulos diminui as chances de sucesso de gravidez. Se ela tenta um tratamento convencional com os óvulos obtidos após somente um estímulo ovariano, talvez o tratamento não tenha sucesso e o casal sinta-se desmotivado a tentar novo tratamento. Diversos estudos mostram que as taxas acumuladas de gravidez para casais que tentam novos tratamentos atinge taxas maiores do que 80-90% para casais que tentam por até 3 vezes os tratamento de fertilização in vitro. Oferecer a chance de otimizar o número de óvulos, por um custo mais reduzido, e melhorar as chances de sucesso inicial do tratamento é uma estratégia que deve ser cogitada nos casos de baixa reserva ovariana.
Apesar de todas essas afirmações, apenas o especialista em reprodução humana que acompanha o caso pode confirmar, após avaliar os exames da paciente, se esse tipo de conduta é ideal para ela.