A dúvida é uma das mais frequentes das pacientes nos consultórios ginecológicos. Entenda se endometriose engorda e o que fazer para evitar o efeito
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que se caracteriza pela presença de células do tecido que reveste a cavidade interna do útero em outras partes da cavidade abdominal. A condição causa sintomas incômodos e dolorosos e pode levar à infertilidade e a outras alterações no corpo.
Por causa disso, as pacientes costumam chegar ao consultório relatando não apenas os sintomas e a história clínica, mas também trazendo dúvidas e preocupações, especialmente sobre a possibilidade de engravidar e sobre mudanças no corpo. Nesse contexto, uma das perguntas mais comuns é se a endometriose pode causar ganho de peso.
Entenda se a endometriose engorda
Embora a endometriose não tenha uma relação comprovada com o aumento de peso, há fatores que podem contribuir para essa percepção. O inchaço abdominal é um sintoma comum da doença, frequentemente confundido com o ganho de peso real. Além disso, as alterações hormonais causadas pela endometriose podem desencadear processos que levam ao aumento de peso, especialmente pela retenção de líquidos e acúmulo de gordura. No entanto, esse efeito não ocorre em todas as pacientes, já que cada corpo reage de maneira única à doença e aos seus tratamentos.
Por que a endometriose pode influenciar no peso?
Esse ganho de peso pode estar relacionado a fatores como alterações hormonais, tratamentos medicamentosos usados no controle da doença e procedimentos cirúrgicos, como a histerectomia. Nessas situações, as alterações hormonais relacionadas à doença ou ao seu tratamento podem ser os fatores desencadeantes.
Alterações hormonais
Quando se acredita que endometriose engorda, a causa, muitas vezes, pode estar relacionada a alterações hormonais. Isso porque um dos principais fatores que desencadeiam a doença é o desequilíbrio nas dosagens de hormônios como o estrogênio, essencial para a regulação do ciclo menstrual.
Outra consequência da desregulação do estrogênio no organismo são alterações no controle de retenção de líquidos e de gordura no corpo. Isso faz com que o organismo fique mais predisposto ao aumento de peso.
Entretanto, como o desequilíbrio hormonal não é uma causa isolada da endometriose, não podemos afirmar que, por isso, a endometriose engorda, e sim que pode existir uma tendência de aumento de peso em alguns corpos por causa do desequilíbrio hormonal.
Tratamentos medicamentosos
Outra justificativa que pode estar por trás da crença de que endometriose engorda são as opções de tratamentos medicamentosos contra a doença. Como a maioria dos medicamentos utilizados é de controle hormonal, é comum que um dos efeitos colaterais de seu uso seja o aumento de peso.
Histerectomia
A ideia de que endometriose engorda existe, também, por causa dos tratamentos cirúrgicos. Entre eles, a histerectomia, um tratamento para os casos muito graves de endometriose, que consiste na retirada do útero.
Outros procedimentos que retiram todos os órgãos do sistema reprodutivo podem influenciar no aumento de peso, principalmente a cirurgia de retirada dos ovários. Nesses casos, o organismo da mulher sofre alterações semelhantes às da menopausa, por causa da diminuição da produção de estrogênio, que, como vimos, é também importante no controle de acúmulos de líquidos e de gorduras.
Efeitos colaterais dos tratamentos da endometriose
Os tratamentos medicamentosos para a endometriose, especialmente aqueles baseados em controle hormonal, podem ter efeitos colaterais que contribuem para o aumento de peso. A alteração no metabolismo e a retenção de líquidos são frequentemente observadas nessas pacientes. Além disso, tratamentos cirúrgicos, como a histerectomia ou a remoção dos ovários, também podem influenciar o peso devido à diminuição da produção de estrogênio. Esse hormônio desempenha um papel crucial na regulação do acúmulo de gordura e no controle da retenção de líquidos, o que, após essas intervenções, pode resultar em mudanças no peso corporal.
Fatores de risco associados à endometriose
A endometriose pode afetar mulheres de diferentes idades e estilos de vida, mas existem alguns fatores de risco conhecidos que aumentam as chances de desenvolver a doença. Confira os principais:
- Antecedentes familiares: mulheres com parentes de primeiro grau (mãe, irmã) com endometriose têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
- Primeira menstruação precoce: iniciar a menstruação antes dos 11 anos está associado a um risco maior de desenvolver endometriose.
- Ciclos menstruais com fluxo intenso: mulheres que têm ciclos menstruais com fluxos aumentados também estão mais propensas à doença.
- Primeira gestação após os 30 anos: a gravidez tardia ou a ausência de gestações pode estar associada a um maior risco devido à maior exposição ao estrogênio ao longo da vida.
- Sedentarismo: a falta de atividade física regular pode contribuir para o desenvolvimento da doença e agravar os sintomas.
- Dieta rica em carboidratos, carne vermelha e glúten: há estudos que sugerem que uma alimentação rica nesses alimentos pode estar associada a um aumento no risco de desenvolver endometriose.
- Altura e peso: mulheres altas e magras têm maior risco de desenvolver a doença, embora esse fator não seja determinante.
Esses fatores de risco não garantem que a endometriose ocorrerá, mas ajudam a identificar quem tem maior chance de desenvolver a condição, facilitando o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado.
Como lidar ao engordar devido à endometriose?
Como vimos, não existe um critério que justifique a afirmação de que endometriose engorda, mas sim fatores para o aumento de peso que, apesar de se relacionarem com a endometriose, não são causados pela doença em si. Por isso, é importante que o médico ginecologista tenha conhecimento sobre o ganho de peso e todos os efeitos colaterais para buscar as soluções corretas.
Ainda assim, alguns hábitos podem ser adotados pelas pacientes para ajudá-las no controle de peso, como:
- Reeducar a alimentação, com vegetais e fontes de ômega-3;
- Evitar alimentos gordurosos e açucarados;
- Praticar atividade física com orientação profissional;
- Fazer acompanhamento médico adequado.
O acompanhamento individualizado da mulher com endometriose pelo médico ginecologista é importante não somente para responder perguntas e tirar dúvidas, mas também para controlar todo sintoma e efeito colateral e, em muitos casos, ajudar na possibilidade de engravidar com tratamentos de reprodução humana assistida.
Para saber mais detalhes sobre endometriose, converse com nossos especialistas.
Fontes:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia;