Transferir mais de um embrião aumenta a chance de gravidez?

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Opção pela transferência de um único embrião torna-se mais comum sem prejudicar chances de engravidar, mas diferentes fatores devem ser avaliados para uma decisão mais acertada.

Em tratamentos de Fertilidade in Vitro (FIV), a opção pela transferência de um único embrião ou mais depende da avaliação de diversos fatores específicos do caso, sendo que a definição deve considerar as chances de gravidez, mas não apenas isso.

Muitas pacientes, acreditando que um número maior de embriões vai resultar em chances aumentadas de gestação, afirmam desejar essa opção. No entanto, existem regras determinadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e a relação entre números de embriões transferidos e chances de engravidar é mais complexa. Entenda melhor a seguir!

O que influencia na hora de decidir o número de embriões transferidos?

A decisão pelo número de embriões transferidos em um tratamento de FIV deve ser realizada de forma técnica, pois ao transferir dois embriões ou mais sempre existe a chance de gestação de gêmeos, o que pode oferecer riscos aumentados.

Apesar de casais que desejam muito uma gestação aceitarem o risco, as possíveis complicações de uma gravidez múltipla devem ser consideradas de forma mais realista pelo médico especialista em reprodução humana.

A decisão pela transferência de um único embrião ou mais deverá ser realizada considerando as particularidades do caso, não sendo uma escolha que possa ser feita ser ponderar as especificidades da paciente e da situação. Entre os fatores a serem avaliados incluem-se:

  • Qualidade dos embriões que pode ser avaliada, por exemplo, por meio da classificação morfológica dos embriões e com a realização do teste genético pré-implantacional;
  • Estágio do desenvolvimento no ato da transferência que pode ser no terceiro dia (D3) ou no quinto dia (D5) quando ele já está no estágio de blastocisto;
  • Idade da paciente;
  • Tentativas prévias de FIV;
  • Idade da doadora em caso de ovodoação ou idade na qual foi feita a coleta dos óvulos caso eles estejam congelados;
  • Cirurgias uterinas prévias, como miomectomia ou cesárea;
  • Malformações uterinas, como útero bicorno, unicorno e didelfo;
  • Preferências do casal.

Um dos fatores avaliados para determinar a qualidade do embrião para transferência é o grau de fragmentação, sendo que embriões muito fragmentados apresentam menores taxas de implantação. Comparando embriões de D3 ou D5, os embriões de quinto dia no estágio de blastocisto, apresentam maiores taxas de implantação, o que favorece a transferência de um único embrião, reduzindo a ocorrência de gestação múltipla.

Quando optar pela transferência de um único embrião?

Portanto, não há um consenso na comunidade médica de que a transferência de mais embriões efetivamente melhore as chances de gravidez se outros fatores associados não forem analisados.

A transferência de um único embrião, ou Single Embryo Transfer (SET) tem se tornado mais comum com o objetivo de reduzir as gestações de gêmeos e aumentar as chances de implantação fazendo a transferência do blastocisto com mais qualidade.

De fato, as gestações múltiplas são um receio visto que aumentam as chances de algumas complicações, especialmente em mulheres com idade avançada, como:

  • Parto prematuro;
  • Restrição de crescimento fetal;
  • Diabetes gestacional;
  • Pré-eclâmpsia.

O aumento da transferência de um único embrião deve-se também à frequência das gestações múltiplas em casos de tratamento de reprodução assistida. Além disso, quando a paciente apresenta mais de um embrião, normalmente ela terá maiores taxas cumulativas de gravidez se esses embriões forem transferidos separadamente.

Em gestações espontâneas a ocorrência de gêmeos é 1 em cada 80, já em tratamentos de reprodução assistida é um para cada 4.

Quais as regras sobre a transferência de embriões no Brasil?

Apesar de todos esses fatores mencionados, outro elemento que determina a possibilidade de número de embriões transferidos por tentativa de FIV é a determinação do Conselho Federal de Medicina.

Considerando a idade da paciente, ou da doadora em caso de ovodoação, a indicação do CFM é a seguinte:

  • Até 35 anos permite-se à transferência de um ou dois embriões;
  • De 36 a 39 anos podem ser transferidos até 3 embriões;
  • A partir de 40 anos podem ser transferidos até 4 embriões.

Destaca-se que a idade limite para doação de óvulos no Brasil é 35 anos, pois a partir dessa idade o risco de alterações cromossômicas é significativamente maior e as taxas de implantação são menores. Dessa forma, em caso de ovorecepção são permitidos de um a dois embriões transferidos por tentativa.

A decisão pela transferência de um único embrião ou mais, portanto, deverá ser realizada pelo casal em conjunto com o médico especialista em reprodução humana de confiança considerando tanto as chances de gravidez como todos os demais aspectos que influenciam na segurança do procedimento.

 

Fontes:

Clínica de Reprodução Humana – Mater Prime;

Conselho Federal de Medicina (CFM);

Sociedade Brasileira Reprodução Humana (SBRH);

 

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