Chamada de escarificação ou scratching endometrial, a injúria endometrial é um procedimento realizado por médicos especialistas em reprodução humana com o objetivo de aumentar as chances de sucesso na implantação do embrião no útero feminino, principalmente em casos de falhas recorrentes de implantação.
No universo da Medicina, injúria caracteriza um trauma causado por um fator externo ao organismo. A injúria endometrial trata-se de uma leve raspagem da camada mais interna do útero (endométrio), uma delicada lesão, por isso recebe esse nome.
Como é o procedimento de injúria endometrial?
Devido não ser uma técnica dolorosa, a injúria endometrial não precisa ser realizada sob o efeito de anestesia. Contudo, algumas mulheres podem sentir desconfortos durante o procedimento, que possui etapas semelhantes à transferência de embriões:
- O especialista em reprodução humana insere um espéculo na vagina da paciente a fim de visualizar o colo do útero;
- Ele realiza a assepsia da região;
- Por meio da manipulação de um cateter flexível, que é introduzido no colo uterino, o especialista realiza a injúria, causando lesões superficiais no endométrio da paciente;
- Após a remoção do cateter é obtida uma amostra do tecido endometrial que será levada para análise laboratorial.
A injúria endometrial normalmente é realizada no 21º dia do ciclo menstrual que antecede o tratamento de reprodução humana ou a transferência de embriões. Considerando um ciclo de 28 dias, o 21º dia é o mais indicado para realizar a técnica, devido ser um período entre a ovulação e a menstruação. Caso o ciclo menstrual da paciente seja diferente, o especialista que estará acompanhando o caso deverá realizar análises a fim de identificar esse período ideal.
Como a injúria endometrial auxilia tratamentos de reprodução?
A técnica de injúria endometrial tem sido associada a tratamentos de reprodução assistida desde 2003 com o intuito de ampliar as taxas de sucesso na fase de implantação do embrião no endométrio durante os tratamentos, como na fertilização in vitro (FIV), por exemplo.
Para o processo de implantação dar certo existem diversas condições envolvidas, sendo que uma delas é a receptividade do endométrio da paciente que receberá o embrião. Esse fator contribui diretamente para as chances de sucesso da FIV, assim como de uma gestação natural, e pode explicar muitos casos de falhas na implantação do embrião.
Quando é realizada a injúria endometrial nas pacientes o endométrio delas passa a se recompor, criando um novo tecido a fim de cicatrizar as lesões causadas na injúria endometrial e, de acordo com os estudos realizados, na maioria dos casos, esse tecido endometrial novo apresenta características de maior receptividade ao embrião, como:
- Liberação de hormônios que podem auxiliar na implantação, e
- Comutação gênica – especialistas consideram que alguns genes presentes no endométrio, essenciais para a implantação do embrião, podem estar “inativos” em algumas mulheres, porém, após elas realizarem a injúria endometrial, esses genes podem ser “reativados”, aumentando as chances de gravidez.
Apesar de bastante promissora, a utilização da técnica de injúria endometrial ainda passa por pesquisas. Contudo, desde que começou a ser estudada, os resultados são satisfatórios, apontando aumento na taxa de sucesso de implantação na maioria dos casos que tiveram o procedimento associado a tratamentos de reprodução humana.
É importante ressaltar que a técnica não é indicada para todos os tratamentos de fertilidade. Apenas um especialista no assunto poderá confirmar se o uso da injúria endometrial se aplica ou não para o caso.