Mesmo com embriões saudáveis e endométrio receptivo, a falha de implantação recorrente pode ocorrer em algumas situações
A Fertilização in Vitro (FIV) é considerada uma das técnicas mais eficazes em casos de infertilidade e ao longo dos anos, o avanço da medicina reprodutiva possibilitou taxas cada vez mais altas de sucesso relacionadas a esse tratamento. No entanto, mesmo com toda a tecnologia envolvida, nem todos os ciclos resultam em gravidez, exigindo atenção minuciosa a cada etapa do processo.
Entre os fatores que influenciam os resultados da FIV, estão a qualidade do embrião, a espessura e receptividade do endométrio e o momento ideal para a transferência embrionária. Quando tudo parece estar em perfeita sincronia e ainda assim a gravidez não ocorre, a frustração toma conta dos pacientes e da equipe médica. Esse é um dos principais desafios enfrentados nos tratamentos de reprodução assistida.
A falha de implantação recorrente é definida como a ausência de gestação clínica em mulheres com menos de 40 anos, mesmo após a transferência de pelo menos quatro embriões de boa qualidade em três transferências embrionárias diferentes. Diante dessa condição, é fundamental uma investigação profunda e individualizada, que avalie os diversos fatores que podem interferir na adesão do embrião ao útero.
Índice
Quais são as principais causas da falha de implantação recorrente?
De acordo com especialistas em Reprodução Humana, a falha de implantação recorrente pode ser dividida igualmente entre suas possíveis causas: um terço dos casos está relacionado ao embrião, um terço à receptividade do endométrio e o terço final à interação entre os dois elementos. Esse entendimento é essencial para direcionar a investigação clínica e os exames complementares.
A análise embrionária é um ponto fundamental. Mesmo embriões com aparência morfológica adequada podem apresentar alterações genéticas que impedem a implantação. Alterações cromossômicas, fragmentação do DNA espermático ou embriões que não atingem o estágio de blastocisto com qualidade podem comprometer o sucesso do ciclo. Por isso, exames como o PGT-A (teste genético pré-implantacional) são cada vez mais utilizados.
O endométrio também é alvo de atenção. A falha de implantação recorrente pode estar associada à espessura inadequada, padrão ecográfico alterado ou à receptividade comprometida. O ideal é que o endométrio tenha entre 7 e 14 mm, com aspecto trilaminar no momento da transferência embrionária. Além disso, o Teste ERA (Endometrial Receptivity Analysis) pode indicar o momento mais propício para realizar a transferência.
Diversas condições podem afetar a saúde do endométrio e dificultar a implantação. Entre as causas mais comuns estão:
- Hidrossalpinge;
- Miomas submucosos;
- Pólipos endometriais;
- Adenomiose;
- Septos uterinos;
- Sinéquias (aderências intrauterinas);
A idade materna avançada é um risco?
A idade é um dos fatores mais influentes no sucesso da gestação, especialmente quando a mulher ultrapassa os 35 anos. Com o passar do tempo, a quantidade e a qualidade dos óvulos diminuem, aumentando o risco de alterações cromossômicas nos embriões formados. Isso significa que mesmo com protocolos bem executados, o resultado final pode não ser o esperado.
Na falha de implantação recorrente, a idade materna precisa ser considerada de forma cuidadosa. O uso de óvulos doados pode ser uma alternativa em alguns casos, principalmente quando a reserva ovariana está muito baixa ou quando há histórico de embriões com alterações genéticas, mesmo após repetidas tentativas.
Quais as opções de tratamento?
A FIV permite uma série de exames e recursos para mapear e tratar as possíveis causas da falha de implantação recorrente. O primeiro passo é reavaliar todo o histórico do tratamento: embriões formados, características do endométrio, protocolos hormonais e resposta aos medicamentos utilizados. Exames genéticos do casal e avaliações imunológicas também podem ser solicitados.
O embrião pode ser avaliado por meio de testes genéticos que indicam sua composição cromossômica, como o PGT-A, e técnicas de cultura prolongada até o blastocisto ajudam a selecionar os embriões com maior potencial de implantação. Do outro lado, o endométrio pode ser analisado com testes de receptividade (ERA), biópsias e avaliações ecográficas detalhadas.
Além disso, doenças uterinas e inflamatórias precisam ser investigadas e tratadas antes de um novo ciclo. Cirurgias para retirada de miomas ou pólipos, antibióticos para infecções, ou terapias hormonais para espessamento endometrial são algumas das abordagens possíveis, sempre de acordo com cada caso.
Conte com especialistas
Diante da falha de implantação recorrente, é fundamental contar com um especialista em reprodução humana que analise o caso de forma personalizada. Cada mulher possui um histórico clínico único e o sucesso do tratamento dependerá da identificação correta da causa da falha, com base em evidências clínicas e exames específicos.
A Clínica Mater Prime conta com equipe experiente, infraestrutura moderna e protocolos baseados em ciência para auxiliar pacientes que enfrentam repetidas falhas. Com acolhimento, precisão e tecnologia, é possível seguir em frente com novas possibilidades de sucesso.
Fontes:
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
Ma J, Gao W, Li D. Recurrent implantation failure: A comprehensive summary from etiology to treatment. Front Endocrinol (Lausanne). 2023 Jan 5;13:1061766.