Alguns fatores podem afetar o sucesso da fertilização in vitro. Saiba como a resposta imunológica desregulada pode atrapalhar a FIV.
A fertilização in vitro (FIV) é um tratamento que pode oferecer grandes chances de sucesso para mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar. Apesar dos avanços da medicina reprodutiva, esse procedimento ainda pode ser afetado por diferentes fatores clínicos e biológicos.
Entre os fatores que impactam a efetividade do tratamento, está a condição imunológica da mulher. Muitas pacientes não imaginam que a imunidade alta pode atrapalhar a FIV, especialmente no momento da implantação embrionária. Por isso, esse aspecto precisa ser levado em conta antes e durante o tratamento.
Índice
Como a imunidade alta pode interferir na FIV?
A FIV consiste na fecundação do óvulo com o espermatozoide em laboratório, formando um embrião que será cultivado e transferido para o útero da mulher. É um processo que exige acompanhamento minucioso, desde a estimulação ovariana até o momento da implantação embrionária.
A fase da implantação ocorre quando o embrião se fixa no endométrio, iniciando o desenvolvimento da gestação. Para que isso aconteça com sucesso, o corpo da mulher deve estar receptivo e com equilíbrio hormonal e imunológico. No entanto, em algumas pacientes, a imunidade alta pode atrapalhar a FIV ao interferir negativamente nesse processo.
O sistema imunológico, ao identificar o embrião como um corpo estranho, pode desencadear respostas de defesa que inviabilizam a implantação. Isso ocorre porque, mesmo sendo formado por células da própria paciente (no caso de óvulos próprios), o embrião carrega o material genético paterno e pode ser erroneamente reconhecido como uma ameaça.
Rejeição do embrião
A rejeição do embrião acontece quando o sistema imunológico da mulher age de forma exacerbada durante a fase de implantação. A imunidade alta pode atrapalhar a FIV por promover a liberação de mediadores inflamatórios que afetam diretamente o endométrio e o embrião, impedindo sua fixação.
Além disso, esse tipo de resposta imunológica pode alterar a vascularização uterina e a função endometrial, criando um ambiente desfavorável à implantação e ao desenvolvimento da gestação.
Doenças autoimunes
Algumas doenças autoimunes também podem impactar a fertilidade feminina. Nessas condições, o próprio corpo ataca tecidos saudáveis, o que pode afetar o útero, o endométrio e o funcionamento dos ovários. Algumas das mais comuns são:
- Lúpus eritematoso sistêmico;
- Síndrome do anticorpo antifosfolípide;
- Doença celíaca;
- Tireoidite de Hashimoto;
- Artrite reumatoide.
Em caso de suspeita clínica, essas doenças podem ser detectadas por meio de exames específicos antes do início da FIV. Caso sejam diagnosticadas, o tratamento é ajustado com suporte imunológico e acompanhamento especializado.
Alterações imunológicas
A imunidade alta pode atrapalhar a FIV devido a desequilíbrios nos linfócitos uterinos, responsáveis por manter a tolerância imunológica ao embrião. Alterações nesses mecanismos aumentam as chances de rejeição embrionária e abortamento precoce.
Além disso, o aumento de células inflamatórias, como os linfócitos Th1, em comparação aos Th2, também pode prejudicar a receptividade do endométrio. É possível tentar investigar essa desregulação imunológica por meio de exames especializados, porém o tratamento com terapias imunomoduladoras ainda precisa de mais estudos e atualmente tem sido conduzido de forma empírica em casos muito específicos.
Trombofilias
A trombofilia é uma alteração que favorece a formação de coágulos no sangue e pode impactar negativamente a implantação embrionária e o desenvolvimento da placenta.
Essa condição compromete o fluxo sanguíneo uterino, dificultando a chegada de nutrientes e oxigênio ao embrião. Assim, a imunidade alta pode atrapalhar a FIV quando associada a estados pró-coagulantes, aumentando o risco de falhas de implantação e perdas gestacionais.
Células NK
As células NK (natural killers) fazem parte do sistema imunológico inato e atuam na defesa do organismo contra infecções.
A imunidade alta pode atrapalhar a FIV especialmente quando essas células agem de forma agressiva, reconhecendo o embrião como um invasor. Essa condição pode ser avaliada com exames laboratoriais e é possível tentar alguns protocolos imunológicos específicos para controlar essa atividade em pacientes com histórico de falhas na FIV.
Apesar de ainda não existirem consensos internacionais sobre o manejo ideal dessas células, alguns estudos mostram que o tratamento adequado pode melhorar os resultados da FIV em alguns casos.
Conte com a ajuda de um especialista
A FIV é um procedimento complexo e que exige o acompanhamento por profissionais experientes em reprodução assistida.
É importante lembrar que cada paciente possui um perfil imunológico diferente e só um especialista poderá avaliar de forma individual se a imunidade alta pode atrapalhar a FIV.
Esse médico será responsável por solicitar os exames imunológicos necessários e indicar, quando necessárias, terapias como corticoterapia, anticoagulantes ou imunomoduladores, com o objetivo de aumentar as chances de sucesso da gestação.
Fontes:
National Institutes of Health
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