A falha de implantação na FIV é uma das etapas mais delicadas do tratamento. Veja como a baixa progesterona pode impactar.
A Fertilização in Vitro (FIV) é um tratamento avançado e composto por etapas cuidadosamente planejadas. Cada fase do processo, desde o estímulo ovariano até a transferência embrionária, é acompanhada de perto pela equipe médica, sempre buscando as melhores condições para que o embrião se desenvolva com sucesso.
Nesse contexto, um dos momentos mais delicados é justamente a fase final: a implantação do embrião no útero. Por isso, fatores que podem comprometer essa fase ganham atenção especial dos especialistas. Entre eles, um ponto frequentemente investigado é a dosagem hormonal no momento da transferência.
Estudos apontam que a progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação, pois esse hormônio está diretamente relacionado à preparação adequada do endométrio e à receptividade uterina. Mesmo com embriões de boa qualidade, uma alteração na progesterona pode comprometer todo o resultado.
Índice
Função da progesterona no corpo humano
A progesterona é um hormônio esteroide que desempenha um papel importante na saúde reprodutiva da mulher. Produzida principalmente pelo corpo lúteo no ovário após a ovulação, ela também pode ser sintetizada pela placenta em fases posteriores da gestação. Na FIV, o suporte com progesterona é normalmente feito de forma exógena, através de medicações.
Esse hormônio atua preparando o útero para a implantação embrionária. Após a ovulação, a progesterona transforma o endométrio em um tecido mais espesso, o que o torna receptivo ao embrião. Além disso, ela atua modulando o sistema imunológico para evitar rejeições, relaxa a musculatura uterina para impedir contrações e contribui para a manutenção da gestação nas primeiras semanas.
Durante os tratamentos de FIV, os níveis de progesterona devem ser cuidadosamente controlados. Isso ocorre porque a ovulação, em muitos casos, é induzida, e o corpo lúteo pode não se formar de maneira eficaz. Assim, a administração externa de progesterona torna-se necessária para manter o ambiente uterino propício. Quando mal dosada, a progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação por impedir que o embrião se fixe de forma adequada.
Como a progesterona baixa pode causar falha na implantação?
Por estar diretamente ligada ao preparo e à manutenção do endométrio, a progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação ao afetar parâmetros essenciais para a adesão do embrião ao útero. Veja como isso ocorre.
Endométrio não preparado
O endométrio é a camada interna do útero, responsável por acolher o embrião no início da gestação. Durante o ciclo menstrual, ele passa por fases proliferativas e secretoras, justamente para criar um ambiente adequado para a implantação.
A progesterona é a responsável por transformar o endométrio da fase proliferativa para a secretora. Quando seus níveis estão baixos, o endométrio pode permanecer em um estágio imaturo. Isso significa que ele estará espesso, mas não funcional, dificultando ou mesmo impedindo que o embrião se aloje nesse tecido.
A progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação exatamente por não permitir essa transformação completa do tecido endometrial. Mesmo com a presença de embriões saudáveis, o útero não estará em condições ideais para recebê-los.
Janela de implantação
A janela de implantação é o período específico em que o endométrio está receptivo ao embrião, geralmente entre o 19º e o 21º dia do ciclo menstrual. Esse intervalo é estreito, e qualquer alteração hormonal pode deslocá-lo ou até mesmo anulá-lo.
Quando a progesterona está abaixo do ideal, a abertura da janela de implantação pode ser atrasada, desajustando o sincronismo com o estágio de desenvolvimento do embrião. Assim, mesmo que o embrião esteja pronto para se fixar, o endométrio ainda não estará receptivo.
Qualidade do embrião
Embora a progesterona não afete diretamente a qualidade genética do embrião, sua deficiência pode impedir que até mesmo os melhores embriões consigam se implantar. A progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação ao criar um ambiente uterino hostil, desfavorável ao desenvolvimento inicial do embrião.
Além disso, quando a implantação falha repetidamente, pode ser necessário investigar não só os embriões, mas também os níveis hormonais envolvidos no processo. Essa análise mais ampla pode revelar a deficiência de progesterona como um fator silencioso, mas determinante.
Problemas na transferência
Em alguns casos, a deficiência de progesterona está associada a alterações nas paredes uterinas. O útero pode permanecer mais contraído, o que interfere na fixação do embrião. Além disso, a presença de um endométrio inadequado pode dificultar a escolha do local ideal para a transferência.
Logo, a progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação até mesmo em ciclos bem conduzidos, se não houver atenção à fase de suporte hormonal, que começa antes da transferência e segue nos primeiros dias após a transferência.
O que fazer em caso de progesterona baixa na FIV?
Quando os exames laboratoriais ou a história clínica da paciente sugerem baixos níveis de progesterona, algumas estratégias podem ser adotadas para evitar a falha de implantação. O monitoramento hormonal no período que antecede a transferência é essencial.
Medidas para contornar a progesterona baixa na FIV:
- Acompanhamento com exames de sangue antes da transferência;
- Uso de progesterona vaginal, intramuscular ou oral;
- Ajuste da dose com base na resposta individual da paciente;
- Transferência embrionária em ciclo preparado com estrogênio e progesterona exógenos;
- Repetição dos exames antes da confirmação da implantação.
Conte com a ajuda de um especialista
Somente um especialista em reprodução humana poderá definir o protocolo mais adequado para cada paciente. O uso de progesterona, sua dose e a forma de administração devem ser ajustados de acordo com o ciclo e o histórico de cada mulher.
O acompanhamento médico reduz os riscos e melhora as chances de sucesso da FIV, especialmente em casos em que a progesterona baixa na FIV pode causar falha de implantação.
Fontes:
National Institutes of Health;
Associação Brasileira de Reprodução Assistida;
Mater Prime.