Quais as chances de ter gêmeos na inseminação artificial?

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Há 30 anos os casos de gravidez gemelar (gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos) cresceram no país, sendo que a cada 90 gestações, uma é gemelar. O fato ocorreu por dois fatores distintos: crescimento na procura por métodos de reprodução humana assistida — responsável por 2/3 dessas gestações múltiplas — e no maior número de gestações tardias, após os 35 anos. No caso dos índices relacionados às técnicas de reprodução assistida é fundamental ressaltar que isso ocorre de forma natural, pois a paciente ou o casal não pode pedir por uma inseminação artificial para ter gêmeos, por exemplo.

Quais as chances de ter gêmeos na inseminação artificial?

Devido as boas práticas e ética propostas e regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), não é permitido escolher o sexo, nem tampouco a quantidade de embriões utilizados no procedimento. O número para transferência é estipulado pelo CFM, sendo: mulheres de até 35 anos são transferidos dois embriões; acima dos 35 anos até 39 anos podem ser transferidos até três embriões e mulheres com 40 anos ou mais a transferência é de até quatro embriões. Logo, não adianta chegar ao consultório e solicitar uma inseminação artificial para ter gêmeos, isso independe de seu desejo.

O que ocorre é uma maior probabilidade de a inseminação artificial resultar em uma gravidez de gêmeos, sendo que a chance de isso ocorrer — sendo totalmente de forma espontânea — varia entre 10% a 20% dos casos. O índice também é alto em mulheres submetidas ao tratamento de Fertilização In Vitro (FIV), varia ao redor de 20%.

Gravidez de gêmeos é de risco?

Existe uma grande probabilidade de uma gestação gemelar ser de risco. Isso se deve ao fato de que, quando há mais de um feto, eles podem se desenvolver de forma diferente, sem deixar de mencionar que diversas doenças podem ser desenvolvidas pela gestante durante os nove meses. A doença que mais preocupa os ginecologistas obstetras é a síndrome da transfusão feto-fetal (STFF) de gestações monocorionica (única placenta).

A STFF caracteriza-se pelo fluxo preferencial de sangue a um dos bebês que estão se desenvolvendo na mesma placenta. Isso pode levar um dos fetos ao óbito, sendo necessária atenção redobrada quando a condição é diagnosticada. A identificação da síndrome da transfusão feto-fetal é feita por meio da ultrassonografia, sendo que mulheres grávidas de gêmeos, em geral, devem realizar a ultrassonografia mais de uma vez ao mês.

Isso implica em um pré-natal de risco, ou seja, o acompanhamento dessa gestante deve ser feito com maior frequência.

Por isso é preocupante para o especialista em reprodução humana assistida quando ouve o casal afirmar que a inseminação artificial para ter gêmeos é o sonho deles ou de uma mulher em tratamento de infertilidade. Além dos riscos aos bebês, a mulher também pode sofrer com complicações, que podem resultar em parto prematuro e riscos a sua vida.

Outro ponto a ser destacado é que em uma gravidez de gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos a possibilidade de os bebês nascerem prematuros é muito maior. Isso significa que essa mulher terá de ter mais cuidados quando comparada a uma paciente grávida de um único bebê. As afirmações descritas não significam que todas gestações gemelares são de risco e sim que existe uma maior pré-disposição a tais riscos.

 Riscos durante uma gravidez múltipla à mulher:

  • Hipertensão;
  • Diabete gestacional;
  • Anemia;
  • Problemas decorrentes no pós-parto, como hemorragia e trombose.

Para evitar que tudo isso ocorra ou que tais situações sejam minimizadas, é indicado um pré-natal de alto risco, com maior número de consultas e maior monitoramento dos bebês.

Gravidez gemelar de forma espontânea

Além do sonho da inseminação artificial para ter gêmeos, existe uma parcela da população feminina com pré-disposição a uma gravidez gemelar. Após os 35 anos, foi identificado um alto número de mulheres que engravidaram de gêmeos de forma espontânea.

Isso deve-se ao seguinte fato: após essa idade o ovário começa a falhar e passa por momentos de pico de produção do hormônio FSH, sendo ele responsável por recrutar os óvulos mais saudáveis. Com esse pico, o organismo pode recrutar mais de um óvulo durante o período fértil, resultando em uma gravidez gemelar.

Foi identificado ainda fatores como a hereditariedade: mulheres com familiares que tiveram gêmeos e se a mesma for gêmea, as chances de uma gravidez gemelar espontânea são maiores. Questões étnicas também entram como fator condicionante a uma gravidez múltipla, sendo as afrodescendentes mais propensas ao fato.

Os dados mencionados não servem para alarmar mulheres que sonham em fazer uma inseminação artificial para ter gêmeos, e sim para explicar as dificuldades acerca dessa gestação e todos os cuidados que deverão ser tomados para que a mamãe e os bebês permaneçam saudáveis.

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