Entenda qual é a relação entre as bactérias que vivem no interior do útero e as chances de engravidar
Microbiota ou microbioma é o nome dado ao conjunto de microrganismos que vivem no interior dos órgãos e que são responsáveis por manter o equilíbrio de seu funcionamento. Ela é formada principalmente por diferentes espécies de bactérias, mas também pode haver seres de outros tipos, como fungos e vírus.
No útero, a chamada microbiota endometrial, ou microbioma endometrial, é responsável por manter o funcionamento uterino equilibrado e pela promoção de um ambiente propício para a fecundação e a gravidez. Entenda mais no conteúdo a seguir.
Qual a importância da microbiota endometrial para o útero?
A presença de bactérias saudáveis que formam uma boa microbiota endometrial tem sido identificada há algumas décadas, mudando a percepção médica sobre como funcionam os ciclos menstruais e o que dificulta ou favorece os processos de fecundação, implantação do embrião e a gravidez.
Nesse contexto, os microrganismos mais importantes são as diferentes espécies de lactobacilos, um tipo de bactéria que, no microbioma endometrial, podem exercer funções como:
- Manter o equilíbrio do pH;
- Possibilitar o desenvolvimento saudável do endométrio ao longo dos ciclos menstruais;
- Dificultar a entrada e a proliferação de bactérias e outros microrganismos patogênicos;
- Promover um ambiente adequado para a implantação do embrião;
- Desenvolvimento saudável da placenta e do feto.
Como a microbiota endometrial afeta a fertilidade?
Como entendemos, a microbiota endometrial saudável é crucial para todas as etapas do ciclo menstrual e, também, para o desenvolvimento da gestação. Por isso, podemos dizer que seu desequilíbrio pode afetar diretamente a fertilidade.
Diversos estudos têm indicado que o desequilíbrio da microbiota endometrial, também chamado de disbiose endometrial, está associado a um número elevado de casos de falha de implantação de embrião. Esse desequilíbrio ocorre quando a quantidade de lactobacilos é insuficiente para controlar a população das bactérias não saudáveis.
Além disso, o desequilíbrio da microbiota endometrial pode fazer com que a função imunológica fique comprometida, podendo levar a condições como a endometriose, que, por sua vez, é um dos mais comuns fatores de infertilidade feminina.
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Microbiota intestinal e reprodução assistida
Além de afetar a fertilidade nos casos de gravidez espontânea, o desequilíbrio da microbiota endometrial pode fazer com que ocorram falhas de implantação nas fertilizações in vitro (FIV).
Por esse motivo, é comum que os médicos especialistas em reprodução humana, durante o processo de investigação da fertilidade, solicitem a realização de exames específicos para analisar o microbioma endometrial. São eles:
- EMMA (Análise Metagenômica do Microbioma Endometrial), que analisa o perfil completo da microbiota endometrial para verificar se o ambiente está favorável para a implantação embrionária;
- ALICE (Análise de Infecção por Endometrite Crônica), que tem como finalidade identificar, de forma específica, microrganismos patogênicos, como os que causam a endometrite crônica.
Esses exames, em conjunto com o exame de receptividade do endométrio (chamado de ERA), formam um conjunto de testes de saúde endometrial chamado de endomeTRIO.
Como tratar o desequilíbrio no microbioma endometrial?
A disbiose endometrial, uma vez detectada, deve ser tratada para que as chances de conseguir uma gravidez, seja de forma espontânea ou com o auxílio de tratamentos de reprodução assistida, sejam aumentadas. Isso quer dizer que são estabelecidos tratamentos que visam reestruturar a microbiota endometrial saudável e eliminar agentes que causam doenças.
Nesse sentido, o tratamento pode ser feito de duas maneiras. Uma delas, no caso de identificação de infecções, é por meio do uso de medicamentos antibióticos, que combatem as bactérias causadoras de doenças como a endometrite.
O outro tratamento é a suplementação com foco na reposição das bactérias saudáveis para o microbioma endometrial. Isso pode ser feito por meio do uso de medicamentos em via oral ou supositórios vaginais conhecidos como óvulos.
Além disso, é interessante que a mulher diagnosticada com disbiose endometrial reeduque sua alimentação, com foco em alimentos balanceados que favoreçam o desenvolvimento não somente de uma microbiota endometrial saudável, mas o aumento das chances de engravidar como um todo.
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Fontes: