A doença pode dificultar a gestação, mas existem tratamentos que ajudam a mulher a recuperar a fertilidade e a realizar o sonho da maternidade
A adenomiose é uma doença benigna caracterizada pela presença de tecido do endométrio (camada que reveste o útero) dentro do miométrio, a camada muscular do útero. Geralmente, é mais comum em mulheres na faixa dos 40 a 50 anos, mas pode ocorrer também em mulheres mais jovens. Assim como acontece com a endometriose, doença que pode dificultar a gestação, também existe uma relação entre adenomiose e infertilidade.
Existem dois tipos de adenomiose:
- Focal ou localizada:caracterizada pela presença de glândulas e de tecido endometrial em determinada região do útero;
- Difusa:caracterizada pela presença de glândulas e de tecido endometrial por toda a extensão interna do útero.
A doença pode ainda ser classificada como superficial, intermediária e profunda, dependendo de quantas camadas de músculos são afetadas e dos tamanhos dos fragmentos.
O diagnóstico da adenomiose é feito por meio de uma avaliação do quadro clínico da paciente, pelo exame de ultrassom transvaginal e/ou de ressonância magnética de pelve. Ambos os exames de imagem conseguem analisar a parede muscular uterina para identificar sinais de adenomiose.
Principais causas da adenomiose
As causas mais frequentes de adenomiose são:
- Parto cesárea;
- Antecedentes de cirurgia uterina;
- Histórico de aborto ou procedimento de curetagem;
- Obesidade;
- Menarca precoce;
- Parto prematuro.
Conheça os sintomas da adenomiose
Cerca de 35% das mulheres que sofrem de adenomiose não apresentam sintomas. Quando estes surgem, os mais comuns são:
- Sangramento menstrual intenso ou prolongado;
- Cólicas fortes ou dor pélvica acentuada durante a menstruação;
- Prisão de ventre;
- Inchaço abdominal;
- Aumento do volume do útero;
- Infertilidade.
Adenomiose e infertilidade
Estimativas indicam que 14% das mulheres inférteis que apresentam dificuldade para engravidar têm adenomiose. Estudos que buscam demonstrar a relação entre adenomiose e infertilidade apontam que pacientes com a doença têm maior taxa de abortamento no primeiro trimestre de gestação, além de ter maior incidência de parto prematuro.
Porém, com o tratamento adequado, diminui-se o risco entre adenomiose e infertilidade e aumentam-se as chances de a gravidez ocorrer.
A dificuldade de engravidar para quem tem adenomiose ocorre no momento da nidação. Ou seja, após a fecundação do óvulo, o embrião viaja até o útero e precisa se fixar no endométrio para se desenvolver. No caso da mulher com adenomiose, essa fixação pode ser prejudicada, uma vez que há tecidos que não pertencem à parede uterina. Não são incomuns os casos de abortos espontâneos e de repetição entre as mulheres com adenomiose.
Como tratar adenomiose e infertilidade?
O tratamento da adenomiose tem o objetivo de minimizar os sintomas da doença e, principalmente, possibilitar a gravidez para a mulher que deseja engravidar. Nesse caso, o uso de técnicas de reprodução humana assistida associado a um tratamento medicamentoso prévio é a forma mais indicada de tratamento.
Os medicamentos utilizados no tratamento da adenomiose visam regular os hormônios e eliminar os sintomas causados pela doença. Os mais usados são:
- Medicamentos análogos ao hormônio GnRH, responsável pela liberação de FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante) no corpo, dois ambos envolvidos na ovulação;
- Medicamentos que impedem o crescimento do tecido do endométrio dentro do miométrio;
- Pílulas anticoncepcionais usadas antes da gravidez que atuam fazendo a regulação hormonal;
- Analgésicos.
O uso de análogos do GnRH antes da realização de técnicas de reprodução humana assistida aumenta a chance da ocorrência da gravidez após o tratamento.
Quando a mulher apresenta adenomiose e infertilidade, o tratamento de reprodução humana assistida indicado, na maioria das vezes, é o de fertilização in vitro.
Dieta anti-inflamatória e hábitos de vida saudáveis podem contribuir para melhora da doença.
Durante a gestação, pode haver diminuição da adenomiose devido à ausência de menstruação e à ação da progesterona no útero. Portanto, um tratamento de reprodução humana assistida pode contribuir tanto para a gestação quanto para o controle da doença.
Alguns estudos apontam que existe uma relação entre adenomiose e infertilidade, portanto, as mulheres que apresentam a doença e desejam engravidar devem procurar um médico especialista em reprodução humana assistida para que ele indique o tratamento adequado e faça o acompanhamento necessário.
Fontes:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia;
Clínica de Reprodução Humana Mater Prime.