Preservação da fertilidade

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Preservação da fertilidade
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A preservação da fertilidade envolve práticas para conservar a capacidade reprodutiva, como o congelamento de óvulos e de esperma

A preservação da fertilidade é um tema relevante, especialmente para aqueles que desejam adiar a maternidade ou paternidade por razões pessoais, profissionais ou até mesmo de saúde. Com os avanços da medicina reprodutiva, é possível adotar medidas para proteger a fertilidade e garantir a possibilidade de ter filhos no futuro. Para isso, é fundamental entender como funciona esse processo, quais são as opções disponíveis e os fatores que influenciam a fertilidade ao longo do tempo.

O que é a preservação da fertilidade?

A preservação da fertilidade refere-se a técnicas que visam manter a capacidade reprodutiva de uma pessoa, especialmente em situações nas quais a fertilidade pode ser comprometida com o tempo ou devido a fatores externos, como tratamentos médicos ou decisões pessoais. Essas técnicas permitem que células reprodutivas, como óvulos, espermatozoides ou embriões, sejam preservadas para serem utilizadas quando a pessoa desejar ter filhos.

No caso das mulheres, a fertilidade é limitada pela quantidade e qualidade dos óvulos. Ao nascer, uma mulher possui cerca de 2 milhões de óvulos, mas esse número diminui com o tempo. Por volta da primeira menstruação, ela tem apenas cerca de 400 mil óvulos e, por volta dos 35 anos, essa quantidade pode cair para aproximadamente 25 mil. Além disso, a qualidade dos óvulos também diminui à medida que envelhecem, o que pode dificultar a concepção.

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Indicações da preservação da fertilidade

A preservação da fertilidade é recomendada em diversas situações em que a capacidade reprodutiva de uma pessoa pode ser comprometida, seja por fatores naturais, médicos ou pessoais. As indicações podem ser diferentes entre homens e mulheres.

Preservação da fertilidade feminina

A preservação da fertilidade feminina é indicada para mulheres que desejam garantir suas opções reprodutivas no futuro, especialmente quando fatores biológicos ou circunstâncias pessoais podem impactar sua fertilidade ao longo do tempo. Entre os principais motivos para recorrer a essa prática estão:

  • Adiar a maternidade por motivos pessoais ou profissionais, permitindo focar na carreira, alcançar estabilidade financeira e emocional;
  • Incertezas sobre quando ou até mesmo se desejam ser mães, podendo optar pela preservação da fertilidade até o momento da decisão;
  • Risco de condições médicas ou cirúrgicas, como endometriose ou cirurgias ovarianas repetidas;
  • Risco de falência ovariana prematura;
  • Diagnóstico de doenças autoimunes que necessitam de quimioterapia ou transplante de medula óssea que comprometem a capacidade reprodutiva.

Preservação da fertilidade masculina

A preservação da fertilidade masculina é uma opção importante para homens que desejam adiar a paternidade. Existem várias situações em que os procedimentos podem ser indicados, tais como:

  • Vasectomia, caso o homem deseje reverter a decisão e utilizar esperma congelado no futuro;
  • Profissões de risco, envolvendo trabalho em ambientes com exposição a substâncias químicas, como pesticidas, metais pesados ou radiação, ou que atuam em profissões como mergulhadores profissionais;
  • Cirurgias com impacto na fertilidade, como a remoção de testículos ou procedimentos em áreas como a uretra, próstata ou bexiga;
  • Diagnóstico de doenças autoimunes que necessitam de quimioterapia ou transplante de medula óssea.

Preservação da fertilidade em pacientes oncológicos

A preservação da fertilidade em pacientes oncológicos é uma opção importante para aqueles que precisam se submeter a tratamentos agressivos, como quimioterapia ou radioterapia, que podem comprometer a função reprodutiva. Esses tratamentos têm o potencial de danificar ou destruir as células reprodutivas, afetando tanto a fertilidade feminina quanto a masculina.

Em mulheres, a quimioterapia pode danificar os ovários, levando à perda da função ovariana e, consequentemente, à infertilidade. Em homens, os tratamentos oncológicos podem prejudicar a produção de espermatozoides. Embora existam casos em que a fertilidade possa ser restaurada após o tratamento, não há garantias, e a preservação da fertilidade é a opção mais segura.

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Como é feita a preservação da fertilidade?

A preservação da fertilidade é um processo avançado que envolve várias etapas para garantir que os óvulos possam ser preservados para utilização futura. A técnica mais comum é o congelamento de óvulos ou criopreservação, realizada com o apoio de profissionais especializados e em centros de reprodução assistida. O processo é dividido em várias fases:

Avaliação médica para investigar a fertilidade

Antes de iniciar o tratamento de preservação da fertilidade, a mulher passa por exames médicos de avaliação da saúde reprodutiva para orientar a melhor forma de proceder com o tratamento. Esses exames incluem:

  • Análise da reserva ovariana, que informa a quantidade e qualidade dos óvulos;
  • Testes hormonais para verificar os níveis de hormônios relacionados à ovulação;
  • Rastreios para infecções que possam afetar a qualidade dos óvulos, como as infecções sexualmente transmissíveis.

Estimulação ovariana e indução da ovulação

Após a avaliação, inicia-se a estimulação ovariana, que tem como objetivo estimular os ovários a produzir mais folículos, que são as células que armazenam os óvulos. Esse processo é feito com o uso de hormônios, como o FSH (hormônio folículo-estimulante) e o LH (hormônio luteinizante), administrados por cerca de 10 dias.

A estimulação é monitorada por meio de ultrassonografias, para acompanhar o crescimento dos folículos e identificar o momento ideal para induzir a ovulação. Quando os folículos atingem o tamanho ideal, a indução da ovulação é realizada por meio da administração do hCG (gonadotrofina coriônica humana), que prepara os óvulos para a coleta. Esse processo é feito cerca de 36 horas antes da punção folicular.

Punção folicular

Quando os folículos atingem o tamanho adequado, é realizada a punção folicular, que é a coleta dos óvulos. Esse procedimento é feito em ambiente cirúrgico, sob sedação leve, com o auxílio de um ultrassom transvaginal para localizar e retirar os óvulos dos folículos. A coleta dura cerca de 15 minutos e é minimamente invasiva, com recuperação rápida. Os óvulos coletados são enviados para o laboratório para o processo de criopreservação.

Criopreservação

Após a coleta, os óvulos são congelados por meio de uma técnica chamada vitrificação, que é um congelamento muito rápido em temperaturas extremamente baixas, usando nitrogênio líquido. Essa técnica previne a formação de cristais de gelo dentro das células, garantindo que os óvulos mantenham a qualidade por um prazo indefinido, até o momento em que a mulher decidir usá-los.

Taxas de sucesso de gravidez após a preservação da fertilidade

As taxas de sucesso de gravidez após a preservação da fertilidade são semelhantes às observadas em tratamentos de reprodução assistida sem o uso de congelamento, variando entre 20% e 40% por ciclo de fertilização in vitro (FIV). A criopreservação, quando realizada adequadamente, não compromete a qualidade do material, e as chances de gravidez dependem principalmente de fatores como a idade da paciente e a qualidade dos óvulos preservados.

Portanto, mulheres mais jovens, especialmente aquelas com menos de 35 anos, geralmente apresentam melhores resultados devido à maior quantidade e qualidade dos óvulos, mesmo nos casos de preservação da fertilidade. Após os 35 anos, especialmente entre 38 e 40 anos, a qualidade dos óvulos começa a declinar, o que diminui as chances de sucesso.

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Fontes

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia

Associação Brasileira de Reprodução Assistida

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