A gravidez com óvulos doados é uma alternativa que utiliza óvulos de uma doadora para realizar a fertilização in vitro
A gravidez com óvulos doados é uma alternativa para quem enfrenta dificuldades para engravidar com seus próprios óvulos. Esse processo, que envolve a utilização de óvulos de uma doadora para fertilização, beneficia casais inférteis, homoafetivos e pessoas que buscam a produção independente. Embora seja uma opção segura e com altas taxas de sucesso, o procedimento gera diversas dúvidas relacionadas às etapas do processo, os riscos e os resultados, tópicos abordados a seguir.
O que é ovodoação?
A ovodoação se refere à doação de óvulos saudáveis para um banco de material genético ou clínica de reprodução humana assistida, com a finalidade de que eles sejam utilizados por pessoas que necessitam recorrer à fertilização in vitro (FIV) para ter filhos. Nessa técnica, o óvulo doado é fecundado em laboratório a partir da junção com o espermatozoide do parceiro da receptora ou oriundos de um banco de esperma.
O processo de ovodoação exige que a doadora atenda critérios específicos de saúde, idade, aptidão física e mental, o que significa que é realizada uma avaliação médica completa e várias etapas para tornar o procedimento seguro para todas as pessoas envolvidas. Além disso, a doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial, e a identidade tanto das doadoras quanto das receptoras é mantida em sigilo.
Quem pode se beneficiar da ovodoação?
A ovodoação beneficia mulheres e casais em diversas situações. A gestação tardia representa uma dificuldade para as mulheres, que já nascem com uma quantidade específica de óvulos que são amadurecidos e utilizados em cada ciclo menstrual. Isso significa que, com o tempo, a quantidade de óvulos diminui significativamente, assim como a qualidade, dificultando a concepção e tornando a gravidez com óvulos doados uma esperança.
A idade não é o único fator que indica a necessidade de recorrer à gravidez com óvulos doados. Outras condições que comprometem os óvulos e impactam a fertilidade são:
- Falência ovariana prematura;
- Endometriose;
- Tratamentos oncológicos;
- Problemas ovarianos congênitos;
- Baixa reserva ovariana;
- Retirada cirúrgica dos ovários;
- Doenças genéticas;
- Falhas repetidas na FIV.
A gravidez com óvulos doados também beneficia casais homoafetivos, assim como quem deseja uma produção independente. Nessas situações, também é preciso contar com a ajuda de uma mulher que possa receber os embriões e gerá-los em seu útero, no procedimento chamado de doação temporária de útero.
Taxa de sucesso de gravidez com óvulos doados
A taxa de sucesso da gravidez com óvulos doados é semelhante às taxas da FIV normal, que possui eficácia de aproximadamente 40% por ciclo. As chances de o procedimento dar certo está associada a diversos fatores, como a receptividade endometrial da receptora, a idade da doadora dos óvulos no momento da doação e a qualidade dos gametas que formam o embrião.
Como um dos fatores mais relevantes é a qualidade dos óvulos, a gravidez com óvulos doados costuma ter bons resultados, pois as doadoras são jovens, devendo ter menos de 35 anos de idade. Portanto, os óvulos tendem a ter maior capacidade de fertilização e menor risco de falhas no desenvolvimento embrionário, o que pode elevar as chances de gestação a taxas entre 50% e 60%.
Riscos da gravidez com óvulos doados
Os riscos da gravidez com ovodoação são semelhantes aos de uma gestação convencional, como diabetes gestacional e hipertensão. Mas também existem algumas possíveis complicações relacionadas ao processo de doação de óvulos, que envolve o uso de hormônios para preparar o útero para receber o embrião formado em laboratório. Alguns efeitos colaterais são o ganho de peso, dor nos seios, alterações de humor e risco de trombose.
Ainda que doadoras mais jovens ofereçam um menor risco ao embrião formado na gravidez com óvulos doados, existe a possibilidade de anomalias genéticas, parto prematuro, baixo peso ao nascer e complicações durante o nascimento. Esses riscos são minimizados com a escolha de mulheres que atendam aos requisitos de saúde, como não ter histórico de doença genética familiar, além da idade adequada.
Além disso, é possível que o embrião não evolua ao estágio ideal para a transferência uterina ou que ocorram falhas no momento da implantação do embrião no endométrio, não permitindo que a gravidez com óvulos doados evolua. Essas falhas também podem acontecer quando os óvulos são da própria paciente, já que muitas vezes estão ligadas a problemas na receptividade do endométrio.
Epigenética
A ideia de engravidar com óvulos doados pode receber uma certa resistência por parte das mulheres que necessitam desse procedimento, pois temem que o bebê não possua nenhuma semelhança com ela. Embora o material genético do óvulo seja de outra pessoa, a escolha da doadora por parte da equipe médica é criteriosa para que exista semelhanças nas características físicas entre doadora e receptora, como cor da pele, cabelos, olhos, altura, biótipo e tipo sanguíneo.
A epigenética é um campo da biologia que estuda como fatores externos e ambientais podem alterar a forma como os genes se expressam, sem mudar a sequência do DNA. Isso significa que, embora a informação genética seja fixa, a maneira como os genes se ativam ou desativam pode ser influenciada por fatores como alimentação, estresse, exposição a toxinas e até o ambiente no útero durante a gestação, portanto, também no contexto da gravidez com óvulos doados.
Na gravidez com óvulos doados, o bebê herda a genética do óvulo da doadora e do espermatozoide, mas o ambiente do útero da mãe pode influenciar a expressão desses genes. A gestante pode modificar esse ambiente, gerando mudanças epigenéticas que afetam o comportamento, saúde e desenvolvimento do bebê. Assim, mesmo com óvulos doados, a mãe pode impactar o desenvolvimento do filho por meio de alterações epigenéticas.
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Fontes
