A implantação de embriões com alterações deve ser bem analisada, principalmente em relação ao tipo de anormalidade apresentada
A união de um óvulo com um espermatozoide gera um embrião, mas para a gravidez ocorrer esse embrião precisa ter a capacidade de se implantar corretamente no útero e se desenvolver. Um fator determinante para o sucesso da gestação é justamente a qualidade do embrião, por isso um embrião é considerado normal ou saudável quando possui 46 cromossomos organizados em 23 pares.
Essa condição é definida como euploidia, ou seja, o número correto de cromossomos no embrião, e é essencial para que tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), sejam bem-sucedidos. No caso contrário, quando há alguma alteração na quantidade de cromossomos no cariótipo, seja por excesso ou falta, temos o chamado embrião aneuploide.
Essas alterações cromossômicas podem causar falhas na implantação na FIV e também podem resultar em abortos espontâneos e em defeitos congênitos. A síndrome de Down, também conhecida como trissomia do cromossomo 21, é o tipo de aneuploidia mais conhecido, ocorrendo em 1 em cada 800 nascimentos.
No entanto, nos últimos anos, surgiu um debate sobre a possibilidade de bebês saudáveis com embriões anormais. Isso é realmente possível? Vamos aprofundar mais sobre o tema ao longo do texto.
Todo embrião anormal é um embrião aneuploide?
Antes de abordar a possibilidade de bebês saudáveis com embriões anormais, precisamos entender melhor o que significa uma alteração embrionária. Um embrião anormal pode apresentar diferentes tipos de alterações, podendo ser:
- Aneuploide: com cromossomos extras ou ausentes;
- Aneuploide com alterações segmentares: apenas parte dos cromossomos alterados;
- Mosaico: parte das suas células são normais e parte delas têm alterações cromossômicas.
Os embriões mosaicos ainda podem ser classificados de baixo ou alto grau, dependendo da porcentagem de células com alterações.
Conhecer essas variações é fundamental para avaliar a possibilidade de bebês saudáveis com embriões anormais, pois um embrião anormal não é necessariamente um embrião aneuploide.
Como diagnosticar um embrião anormal?
A FIV é o tratamento de reprodução assistida mais completo e que proporciona as maiores taxas de sucesso. O motivo é que a técnica permite a realização de várias etapas antes da transferência embrionária para identificar os embriões de melhor qualidade e com maior potencial de sucesso para uma gravidez.
A biópsia embrionária é um exame feito a partir da coleta de células do embrião quando ele está na fase de blastocisto. Essas células são enviadas para a análise genética por meio de um teste chamado PGT-A (teste genético pré-implantacional para análise de aneuploidias), que verifica possíveis alterações cromossômicas.
Desse modo, o especialista em reprodução humana consegue identificar quais embriões são euploides e quais não são para reduzir os riscos de falhas de implantação e complicações gestacionais relacionadas a cromossomopatias.
Quando o PGT-A é indicado?
As situações mais comuns em que o PGT-A é indicado são:
- Mulheres com mais de 35 anos, já que a idade avançada é um fator de risco para embriões aneuploides;
- Histórico de abortos recorrentes;
- Falhas repetidas no tratamento de FIV;
- Histórico familiar de anomalias cromossômicas.
Quais são as possibilidades de bebês saudáveis com embriões anormais?
A possibilidade de bebês saudáveis com embriões anormais depende diretamente do tipo de alteração identificada. Um recente estudo publicado pela Universidade de Oxford mostrou os resultados de pacientes com idade avançada que optaram por fazer a transferência de embriões anormais apontados pelo PGT-A em um novo centro de reprodução assistida.
Dos 141 embriões transferidos, mais de 70% tinham até duas anormalidades cromossômicas, 20% tinham 3 ou mais e outros 6% não tiveram diagnóstico por conta de DNA degradado. O resultado do experimento foi o nascimento de 8 crianças saudáveis, sendo que 1 delas necessitou de uma correção cirúrgica da artéria aorta, e 11 abortos espontâneos.
Porém, desses 8 nascimentos, 7 eram de embriões mosaicos ou com alterações de pequeno segmento e apenas um era realmente aneuploide, o que representa menos de 1% de chances. Portanto, ainda que pequena, existe a possibilidade de bebês saudáveis com embriões anormais, desde que sejam mosaicos de baixo grau e não aneuploides, cujas chances são praticamente nulas.
Essa afirmação deve ser ressaltada, pois vem sendo muito debatido que existe a possibilidade de ter uma gravidez a partir de embriões aneuploides, mas isso é uma interpretação errônea de alguns estudos divulgados.
A decisão de transferir ou não embriões com alterações na FIV deve ser discutida caso a caso com o especialista em reprodução humana. Dependendo do tipo de alteração apresentada pelo cromossomo e diante da falta de um embrião euploide, a transferência pode ser realizada.
Converse com seu médico sobre a possibilidade de bebês saudáveis com embriões anormais e discuta a melhor estratégia para uma tomada de decisão consciente. Conte com todo o suporte e o conhecimento de nossos especialistas neste processo, entre em contato e agende uma consulta com a Mater Prime.
Fontes: