Saiba como o Atosiban, medicamento utilizado para evitar o parto prematuro, tem contribuído para o aumento das taxas de sucesso na fertilização in vitr.
As técnicas de reprodução assistida têm buscado o avanço e desenvolvimento contínuo, a fim de entregar as melhores taxas de sucesso para casais que desejam formar a tão sonhada família.
Um dos avanços que podemos ressaltar é o uso do Atosiban na transferência embrionária, que tem mostrado potencial para melhorar os resultados em fertilizações in vitro (FIV). Este medicamento atua reduzindo as contrações uterinas no momento da transferência do embrião, criando um ambiente mais favorável para a implantação.
O que é o Atosiban?
O Atosiban é um medicamento originalmente utilizado para inibir o trabalho de parto prematuro, atuando como um antagonista dos receptores de ocitocina e vasopressina. Ao bloquear esses receptores, o Atosiban reduz as contrações uterinas e promove a estabilização do útero.
Recentemente, o uso do Atosiban na transferência embrionária foi adotado buscando minimizar as contrações uterinas durante a transferência e, assim, aumentar as chances de sucesso na implantação do embrião no endométrio.
Como é a ação do Atosiban durante a transferência embrionária?
Para entendermos a ação do Atosiban na transferência embrionária, é necessário abordar a importância da receptividade endometrial durante a FIV. Esse é um dos fatores mais importantes para determinar o sucesso do procedimento, tendo em vista que o endométrio precisa estar em condições ideais para receber o embrião, o que envolve uma espessura adequada, equilíbrio hormonal e um ambiente propício para a implantação embrionária. Alterações nesse processo podem comprometer a fixação do embrião e reduzir as chances de gravidez.
Desta forma, durante a transferência embrionária, é fundamental que o útero esteja em um estado relaxado para facilitar a implantação do embrião. Contrações uterinas excessivas, causadas por fatores como desbalanço hormonal (especialmente níveis elevados de estrogênio e baixos de progesterona), inflamação endometrial, distúrbios da musculatura uterina e até mesmo estresse podem interferir nesse processo, potencialmente levando à falha na implantação.
O Atosiban na transferência embrionária, ao antagonizar os receptores de ocitocina, diminui a frequência e a intensidade dessas contrações, proporcionando um ambiente uterino mais favorável. A administração do Atosiban é realizada por via intravenosa pouco antes da transferência embrionária, garantindo que o útero esteja nas condições ideais durante o procedimento.
Quando o Atosiban é indicado?
O uso do Atosiban na transferência embrionária é particularmente considerado em casos específicos, tais como:
- Falhas repetidas de implantação;
- Contrações uterinas aumentadas;
- Pacientes com diagnósticos de adenomiose ou miomas intramurais, que podem estar associados a uma maior atividade contrátil do útero.
É fundamental que a indicação do Atosiban seja avaliada por um especialista em reprodução assistida, que considerará o histórico clínico da paciente e a presença de fatores que possam justificar seu uso.
O Atosiban aumenta as taxas de sucesso na transferência embrionária?
Estudos têm investigado o impacto do Atosiban na transferência embrionária. Uma revisão sistemática e meta-análise publicada no JBRA Assisted Reproduction indicou que o uso do Atosiban pode aumentar as taxas de gravidez clínica em mulheres submetidas à transferência de embriões. Os resultados mostraram que, independentemente da indicação para a reprodução assistida ou do tipo de embrião transferido, o Atosiban esteve associado a melhores resultados clínicos.
No entanto, é importante notar que os resultados podem variar conforme o perfil da paciente e as condições específicas de cada caso. Portanto, a decisão de utilizar o Atosiban na transferência embrionária deve ser personalizada e baseada em uma avaliação médica criteriosa.
Há riscos no uso do Atosiban durante o procedimento?
O Atosiban na transferência embrionária é geralmente bem recebido, com efeitos colaterais mínimos. Alguns pacientes podem relatar sintomas leves, como náuseas, mas reações adversas graves são raras. Estudos não demonstraram efeitos prejudiciais significativos associados ao uso do Atosiban em protocolos de reprodução assistida.
Entretanto, como qualquer intervenção médica, é essencial que o uso do Atosiban seja supervisionado por profissionais de saúde qualificados, garantindo que os benefícios superem quaisquer potenciais riscos.
Fontes:
Schwarze JE, Crosby J, Mackenna A. Atosiban improves the outcome of embryo transfer. A systematic review and meta-analysis of randomized and non-randomized trials. JBRA Assist Reprod. 2020 Oct 6;24(4):421-427. doi: 10.5935/1518-0557.20200016. PMID: 32401462; PMCID: PMC7558905.
Li, X., Du, Y., Han, X. et al. Efficacy of atosiban for repeated implantation failure in frozen embryo transfer cycles. Sci Rep 13, 9277 (2023). https://doi.org/10.1038/s41598-023-36286-y